O aumento da pressão intraocular causa lesões nas células nervosas do olho. Mas o que isso significa?
Para que você seja capaz de ler este texto, a imagem da tela do seu celular ou computador, deve primeiro atravessar a córnea, uma membrana transparente, bem fininha, que envolve todo o olho, e depois a íris, a parte colorida, que se contrai ou relaxa para regular a quantidade de luz que entra pela abertura central, chamada pupila.
A imagem chega então ao cristalino, e é refletida no fundo do olho, em uma região chamada retina. A retina está associada a milhões de células nervosas fotorreceptoras, que levam a imagem até o cérebro, através do nervo óptico. Sem ele, esse trabalhão todo das estruturas oculares não vale de nada, pois é o CÉREBRO o responsável por codificar esses impulsos elétricos recebidos e entendê-los como letras, imagens e cores.
Aí vive o perigo: a pressão dentro dos olhos não é a mesma coisa que a pressão arterial, regulada através do sangue. O nosso olho possui um líquido diferente, que circula na câmara anterior, entre a córnea e a íris. Esse líquido é chamado de humor aquoso, e o balanço entre a sua produção e escoamento – por um pequeno canal, funcionando como um ralo – é o que aumenta ou diminui a pressão dentro dos olhos. Essa pressão, quando elevada, causa a COMPRESSÃO das células nervosas e atrofia das fibras do nervo óptico. Ou seja, cada vez menos informações chegam ao cérebro, e a cada dia menos você enxerga.
PRESSÃO INTRAOCULAR X GLAUCOMA
E o que o glaucoma tem a ver com essa história? Glaucoma é um grupo de doenças onde há lesão do nervo óptico. O que causa essa lesão? Sim, uma das principais causas do glaucoma é a elevação da pressão intraocular, sendo essa a doença que, no mundo, mais causa cegueira irreversível. No começo, não há sinais ou sintomas que possam ser percebidos pelo paciente, apenas no estágio mais avançado: onde primeiro a visão periférica vai sendo perdida, até chegar à cegueira completa. No entanto, se o aumento ocorrer de forma aguda, a pessoa pode sentir dor nos olhos e de cabeça, fotofobia e ânsia de vômito.
MAS O QUE FAZ SUBIR A PRESSÃO NOS OLHOS?
O consumo excessivo de alguns alimentos (como o café), estresse, posições de cabeça para baixo (geralmente realizadas em aulas de pilates e yoga) e segundo estudos recentes: a obesidade. Ela aumenta a quantidade de tecido adiposo – gordura – dentro dos olhos, diminuindo o fluxo de escoamento do humor aquoso, além de aumentar a viscosidade do sangue.
GRUPO DE RISCO
O grupo de risco, em outras palavras, as pessoas que mais estão suscetíveis a ter alta pressão intraocular e consequentemente o glaucoma, são as que apresentam alguma das seguintes condições:
– Acima dos 40 anos;
– Etnia africana ou asiática;
– Casos de traumas ou lesões oculares que possam comprometer ou obstruir o canal de escoamento do humor aquoso;
– Histórico familiar de glaucoma;
– Uso de medicamentos corticoides;
– Doenças oculares: descolamento de retina, miopia, tumores e inflamações intraoculares;
– Obesidade, diabetes, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares.
E COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
A pressão intraocular é mensurada através de um exame chamado TONOMETRIA. Existem dois aparelhos diferentes: com o tonômetro de contato, o oftalmologista anestesia o olho e pressiona o aparelho na córnea, mensurando quanto tempo ela demora para voltar ao estado original, e com o tonômetro sem contato, o aparelho gera um impulso que deforma a córnea, sendo necessária a medição do tempo da mesma forma que o anterior. É um exame simples, rápido (com 5 minutos de duração) e os pacientes relatam pouco desconforto.
Também existe uma forma de diagnosticar as lesões no nervo óptico, a oftalmoscopia. Onde o oftalmologista aplica um colírio para dilatação da pupila, e analisa, com a ajuda de uma lanterna, as estruturas de dentro do olho e possíveis alterações no nervo.
MAS TEM TRATAMENTO?
A prática de exercícios físicos tende a reduzir a pressão intraocular, assim como outros hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada. Mas em casos mais avançados, onde há o desenvolvimento do glaucoma, este é incurável, mas os tratamentos ajudam a evitar a estabilizar a doença, impedindo a sua piora.
Os tratamentos mais realizados atualmente são através de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. Os medicamentos são geralmente colírios, que atuam na diminuição da produção ou aumentando a drenagem do humor aquoso, mas também podem ser prescritos comprimidos com o mesmo mecanismo de ação.
Já as cirurgias, existem várias: trabeculoplastia a laser (através do laser, cria um canal para drenagem do humor aquoso), trabeculectomia com mitomicina C (associa a anterior com o uso de medicamento anti-inflamatório), implante de tubo (tubo de silicone mimetiza um canal, ajudando na drenagem), ciclofotocoagulação (diminui a produção de humor aquoso), iridotomia a laser (cria um orifício na íris, para igualar a pressão entre a câmara anterior e posterior dos olhos), iridectomia cirúrgica (remove parte da íris).
Aqui no IOSG nós temos ainda o aparelho de última geração STELLARIS ELITE, que realiza a cirurgia de vitrectomia (remoção do vítreo, a estrutura gelatinosa que preenche o interior do olho) indicada em alguns casos de glaucoma, buraco de mácula, membrana epiretiniana, membrana sub-retiniana, descolamento de retina, retinopatia diabética e da prematuridade, tromboses venosas e para cirurgia de catarata. Tudo para a sua comodidade e segurança!
Dessa forma, a PREVENÇÃO e o DIAGNÓSTICO PRECOCE são essenciais. Conte com os oftalmologistas do IOSG, e espalhe a informação. Em Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago fala sobre “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”, e estar informado funciona da mesma maneira: compartilhe este conteúdo com quem você ama e se importa, e os alerte sobre a importância da consulta anual ao oftalmologista.
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Fonte:
– Karadag R, Arslanyilmaz Z, Aydin B, Hepsen IF. Effects of body mass index on intraocular pressure and ocular pulse amplitude. Int J Ophthalmol. 2012;5(5):605-8. doi: 10.3980/j.issn.2222-3959.2012.05.12. Epub 2012 Oct 18. PMID: 23166873; PMCID: PMC3484700.
– Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Revista Veja Bem, 19, p. 33, “Pressão ocular: você sabe o que é?”.
– ABCMED, 2014. Hipertensão intraocular: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, complicações possíveis.