Muitas enfermidades possuem alguma relação genética (devido a alterações no DNA) e/ou hereditárias (passadas de pais para filhos). Dessa forma, dentro de uma mesma etnia algumas delas se destacam, o que é o caso da Anemia Falciforme, Hipertensão e Diabetes Mellitus entre os negros, pardos e afrodescendentes no geral. Associadas a elas, estão algumas DOENÇAS OCULARES, e é por isso que os afrodescendentes devem ficar de OLHO nos sinais e sintomas dessas doenças, para propiciar a prevenção e o tratamento adequado.
ANEMIA FALCIFORME
A Anemia Falciforme é uma doença genética hereditária, onde as células vermelhas do sangue se tornam mais enrijecidas e, ao invés de redondas e bicôncavas, assumem um formato parecido a uma foice: daí vem o nome, falciforme. Essa alteração de forma dificulta a circulação sanguínea e o transporte de oxigênio para as células do corpo. Essa doença está presente em 10% da população negra, e apresenta manifestações clínicas e complicações nos OLHOS, como:
– Retinopatia proliferativa: são alterações que ocorrem na retina, causadas inicialmente pela obstrução dos pequenos vasos sanguíneos da retina, pelas hemácias em formato de foice. Como o sangue é impedido de chegar às células do olho, há a estimulação da criação de novos vasos (neovascularização). Entretanto, esses novos são FRÁGEIS, IMATUROS e se aderem ao humor vítreo (gel que preenche toda a cavidade ocular), o que aumenta os riscos de hemorragia retiniana. Podem ser percebidos sintomas como a diminuição ou perda da visão, e manchas como “moscas volantes”.
– Glaucoma: o glaucoma é a principal causa de cegueira nas pessoas negras. Nessa doença, há um aumento da pressão intraocular, pelo desequilíbrio entre a produção e o escoamento de um líquido chamado humor aquoso, o que causa a compressão das células nervosas da retina e atrofia das fibras do nervo óptico, que são responsáveis por enviar a imagem captada pelos olhos, até o cérebro, onde seria codificada em informações. Os pacientes negros apresentam danos ao nervo óptico mais graves do que os brancos, e por possuírem a íris dos olhos mais pigmentada, precisam de medicamentos em concentrações maiores.
HIPERTENSÃO
A Hipertensão Arterial atinge até 20% dos adultos brasileiros, sendo mais incidente entre homens e pessoas negras, e é responsável por mais de 50% das diferenças das taxas de mortalidade entre brancos e negros nos Estados Unidos.
– Retinopatia Hipertensiva: essa pressão acima do conhecido padrão “12 por 8” faz com que os vasos sanguíneos do corpo se estreitam, incluindo os da retina, o que impede a chegada do sangue ao local, assim como na retinopatia proliferativa. Essa obstrução pode causar também inchaço na retina, comprometendo a sua função e pressionando o nervo óptico, o que a longo prazo causa problemas na visão.
DIABETES MELLITUS
O Diabetes Mellitus tipo II é mais comum entre a população negra, sendo que 50% a mais das mulheres negras desenvolvem a doença, quando comparadas a mulheres de outras etnias. Nesse tipo, ocorre a resistência periférica à insulina, e o consequente acúmulo de glicose no sangue. Além do glaucoma, o diabetes também é um fator de risco para a retinopatia diabética.
– Retinopatia diabética: a hiperglicemia causa a morte das células do tecido que recobre os vasos sanguíneos da retina, onde surgem pequenas dilatações, obstruções e hemorragias, impedindo que o sangue com nutrientes e oxigênio cheguem até os olhos. Isso estimula o organismo a criar novos vasos sanguíneos, processo chamado de neovascularização. Porém, esses novos vasos são DEFORMADOS e FRÁGEIS e com maior chance de se rompem e causam hemorragias intraoculares. Nessa fase há mais perigo de perda de visão, pois a hemorragia pode evoluir para edema macular diabético e descolamento de retina.
Segundo o IBGE, em 2010 no Brasil, os negros e pardos juntos somavam mais de 50% da população brasileira. Então falar da saúde da população negra, é falar da saúde dos brasileiros! Conte com o IOSG para cuidar da sua saúde e proporcionar as melhores estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento.
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Fonte:
– Manual de Doenças Mais Importantes, Por Razões Étnicas, na População Brasileira Afro-Descendent, Ministério da Saúde, 2001.
– Greenidge, K. C., & Dweck, M. (1988). Glaucoma in the black population: a problem of blindness. Journal of the National Medical Association, 80(12), 1305–1309.
– Musemwa, N., & Gadegbeku, C. A. (2017). Hypertension in African Americans. Current cardiology reports, 19(12), 129.
– VILELA, Rosana QB; BANDEIRA, Denise M.; SILVA, Maria Alexsandra E. Alterações oculares nas doenças falciformes. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 29, n. 3, p. 285-287, 2007.
– Healthline.